Algumas empresas surgem de grandes ideias. Outras, de necessidades do mercado. Mas há aquelas que nascem de algo ainda mais forte: um legado, um amor pelo couro transmitido de pai para filho. A Durli Leathers pertence a esse último grupo. Sua história, construída com coragem, união e propósito, atravessa gerações, fronteiras e muitos desafios pelo caminho – mas sempre com os pés no chão e o coração enraizado nos valores da família.
Hoje, convidamos você a conhecer de perto uma trajetória que ultrapassa os limites do setor coureiro. Uma história feita de pele, mas também de alma. Leia sobre os bastidores da gravação do Brazilian Leather Talks e como a Durli atravessou gerações e se firmou como uma das maiores empresas do setor.
Raízes: O Início de Tudo
Nos anos 1960, em Erechim (RS), o curtume nasceu para atender à produção de calçados da própria família Durli. À época, produzir o próprio couro era uma questão de autonomia e viabilidade. Ainda não havia a visão de um negócio global — mas havia trabalho duro, dedicação e uma crença silenciosa de que aquilo poderia ser maior do que parecia.
Com o surgimento do couro Wet Blue, o processo de curtimento passou a fazer mais sentido do que a própria fabricação de calçados. Foi o primeiro de muitos passos estratégicos que a empresa daria.
Pouco tempo depois, Volnei Durli ingressou na empresa e, quatro anos mais tarde, foi a vez de Evandro. Os irmãos somaram ao trabalho iniciado pelo pai, Jandyr, uma nova visão: olhar para o futuro, sem esquecer das origens.

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Do Sul Brasil para o Mundo: a Expansão da Durlicouros
A logística de trazer couro cru do Centro-Oeste até o Sul se mostrava desafiadora — e economicamente inviável. Foi assim que a Durli tomou uma decisão ousada: montar a primeira unidade fora de Erechim, em Cuiabá, no ano 2000.
A partir daí, os caminhos se abriram: Xinguara (PA), Tocantins, Rondônia, Campo Grande. Cada unidade nasceu de uma necessidade e foi guiada pela estratégia e pelos conselhos da família: “dê um passo conforme a perna”, “vá com calma”, “valorize o que você já tem”. Esses conselhos, passados de geração em geração, moldaram não apenas a empresa, mas a cultura Durli.
Mais tarde, por questões logísticas e de exportação, a sede foi transferida para a região de Curitiba, em São José dos Pinhais,. De lá, novos horizontes se abriram: a entrada no Paraguai e, mais recentemente, o início das operações no México em 2024, marcando a internacionalização da marca.
Além do Couro: Um Ecossistema de Negócios
Hoje, a Durlicouros vai muito além do curtume. A empresa atua também nos setores de rendering (graxarias), agricultura, pecuária, gelatina e construção civil. Trata-se de um ecossistema que compartilha da mesma essência: transformar o que existe em algo melhor, com respeito à cadeia produtiva e foco na sustentabilidade.
Ainda assim, o couro continua sendo a alma da Durli. É através dele que a empresa construiu sua reputação internacional, tornando-se uma das maiores referências no segmento.
A magia do couro: transformar o bruto em nobre
Quem vive o couro todos os dias sabe: existe algo de mágico nesse material. Para Volnei Durli, o momento mais apaixonante é o recurtimento — quando o Wet Blue se transforma em couro semiacabado para depois ganhar nova vida no couro acabado, seja em bolsas, cintos, vestuário, bancos de automóveis ou sofás.
“Tu pega uma matéria-prima bruta, que muita gente tem receio de encostar, e transforma ela em algo que as pessoas querem se abraçar”, resume.
Essa transformação é o símbolo da própria Durli: uma empresa que enxerga valor onde outros só veem descarte. Que acredita na durabilidade, na beleza e na responsabilidade de dar ao couro o espaço nobre que ele merece.
Couro e Sustentabilidade: uma Indústria de Verdade
Muitas vezes, o couro é erroneamente apontado como vilão ambiental. A Durli encara esse estigma com coragem e fatos. “A verdade sempre vai prevalecer”, diz Evandro. Afinal, o couro é um subproduto da indústria da carne. Ninguém abate um animal por causa da pele — ela é uma consequência. E a Durli transforma essa consequência em um material de alto valor.
Essa filosofia é o coração da economia circular, conceito que a empresa aplica na prática. Desde 2009, trabalha com rastreabilidade da matéria-prima, exigindo regularidade e legalidade na cadeia, inclusive com iniciativas pioneiras para incluir o pecuarista na solução.
O Programa Primi, lançado recentemente, mostra rastreabilidade desde o nascimento do bezerro, alinhando-se com exigências internacionais, como a nova legislação europeia EUDR. A Durli não somente cumpre as normas: antecipa-se a elas. Está preparada para o futuro, sem deixar de honrar o passado.
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Portas abertas: aproximar para transformar visões
O curtume ainda carrega estigmas antigos: cheiro forte, poluição, trabalho pesado. A Durli trabalha incansavelmente para mostrar que essa não é a realidade de uma indústria moderna e limpa.
Por isso, abre suas portas para visitas de escolas, universidades e comunidades. “Quando alguém entra na nossa fábrica, sai de lá com outra visão”, diz Evandro. Mostrar de perto a tecnologia, a automatização e o cuidado com cada processo é uma forma de educação — e também de atrair novos talentos.
Em Xinguara, turmas do ensino médio visitam a planta regularmente. Em Erechim, a universidade mantém laços estreitos com a empresa. Porque é assim, com transparência e acolhimento, que se constrói um novo olhar sobre o couro.
Gente que faz: o valor das pessoas
Se existe um pilar inegociável na Durli, ele se chama pessoas. Desde o início, a empresa foi conduzida com base em relações humanas, confiança e parceria. Muitos dos colaboradores que hoje ocupam cargos estratégicos estão na empresa há 20, 30 anos — e cresceram junto com a família Durli, aprendendo sobre os valores que norteiam cada decisão.
Hoje, com cerca de 2.500 colaboradores na área do couro, a Durli passa por um processo de profissionalização. Mas o objetivo não é se distanciar da essência familiar — pelo contrário. É profissionalizar mantendo o DNA de proximidade, de cultura forte, de acolhimento.
O lema é claro: os cargos devem ser ocupados por competência, mas a cultura da empresa deve continuar sendo a de uma grande família.
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De Geração em Geração: Preparando o Futuro
A Durli olha para o futuro com a mesma seriedade com que construiu o presente. Investir em tecnologia, rastreabilidade e novos mercados é importante — mas formar pessoas ainda é o maior desafio.
Por isso, a empresa mantém programas de capacitação e oferece vagas em cursos técnicos para funcionários e filhos de colaboradores. Já teve até sua própria “Escola do Recouro”, voltada para descobrir talentos internos.
Mais do que preparar lideranças, a Durli quer formar apaixonados. Gente que enxergue no couro o que a família sempre enxergou: não apenas um material, mas uma missão.
Um Legado Vivo
A história da Durli Leathers é um testemunho do poder da união, da visão estratégica e da paixão por transformar. Do curtume simples em Erechim a uma potência internacional, o que permaneceu intacto foi o valor da família — não apenas a que leva o nome Durli, mas todas aquelas que cresceram e prosperaram junto com ela.
Couro, para essa família, é mais do que um produto. É herança, é cultura, é símbolo de uma indústria que respira modernidade sem abrir mão da verdade.
E, como toda boa história de família, essa ainda está longe de acabar. Por fim, quer ver essa história contada por quem a vive todos os dias? Assista ao bate-papo completo, produzido pelo Brazilian Leather Talks, no nosso canal do YouTube.