Para conhecermos os tipos de couros, primeiro precisamos entender de onde o couro vem e por quais processos ele precisa passar para adquirir suas variedades. Para começar, você sabia que essa matéria-prima derivada exclusivamente da pele de um animal recebe o nome de couro somente após a realização do curtimento? E os tipos surgem à medida que ele é curtido e recurtido por meio de processos químicos e físico-mecânicos, que tornam o produto agradável e bonito.
O que é curtimento?
O curtimento é o processo que tem o objetivo de transformar a pele animal em couro, ou seja, em um material estável, durável, resistente ao ataque de micro-organismos e enzimas. Este processo aumenta a estabilidade hidrotérmica das peles que adquirem lisura, enchimento, elasticidade e resistência ao rasgo e a rupturas.
Uma das modalidades mais tradicionais e usadas de curtimento é o mineral ou inorgânico. Nele, as peles são processadas em fulões sob a ação de curtentes, produtos químicos feitos à base de sais. O resultado é um couro extremamente macio, elástico, leve e estável, indicado para fabricação de vestuário. Quando a pele é curtida exclusivamente com sais de cromo trivalente (cromo III), o couro é denominado wet blue, um tipo de couro cujas características veremos mais adiante.
Em relação ao curtimento, também há outras modalidades que podemos destacar. Tem o vegetal ou orgânico, que é realizado, de forma mais comum, com taninos vegetais, combinados ou não com taninos sintéticos, que resultam em couros de maior peso. Há ainda o curtimento misto, realizado com produtos de origem de síntese como glutaraldeído e fenóis, que fornecem aos couros características específicas, como resistência a lavagens e baixo peso. E o curtimento de preservação, feito com engraxes superficiais.
Depois da primeira etapa de curtimento, o couro pode passar por processos de recurtimento, nos quais são definidas características como maciez, enchimento, elasticidade e resistência. É a partir daí que conseguimos alcançar os outros tipos de couros.
Os tipos de couros
O primeiro tipo, como falamos, é o couro wet blue, resultado do curtimento com sais de cromo trivalente. Ele mantém suas características naturais inalteradas e fica pronto para ser a base resistente e durável dos mais variados produtos. Seu nome é decorrente do aspecto que adquire nesse processo: úmido e de cor azulada.
Nesta etapa do curtimento, ele já pode ser armazenado e vendido. Geralmente, as indústrias moveleiras e automotivas compram o couro neste estágio, modelando-o conforme suas necessidades.
O wet blue também é a matéria-prima que dá origem a outro tipo de couro: o semiacabado ou crust. Para isso, ele é recurtido, tingido, engraxado e depois secado de acordo com características específicas, normalmente seguindo as orientações dos clientes. Aqui, são definidas minuciosamente a espessura, a cor e a maciez do couro.
Na sequência, passamos para o terceiro tipo de couro: o acabado. Nesta fase, o couro vai para o acabamento definitivo. Toda a atenção do processo se volta para a superfície que ganha infinitas possibilidades, de acordo com as solicitações de cada cliente. Os couros podem receber lixamentos de superfície, estampagem, impregnações, pinturas e aplicações diversas de ceras, óleos, resinas, lacas e efeitos para terem as características de cor, beleza, naturalidade, maciez, brilho e efeitos requeridos pelos compradores.
O couro acabado geralmente se destina às indústrias que fazem produtos para o consumidor final, como os setores calçadista, de vestuário e de acessórios.
É interessante conhecer de onde vem o couro e quais são as etapas pelas quais ele passa para chegar até aquela bolsa, sofá ou banco de carro que você conhece, não é mesmo? O mundo do couro realmente tem muitos detalhes curiosos e importantes, inclusive do ponto de vista da sustentabilidade e da preservação do meio ambiente, temas que abordaremos nos próximos artigos!
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